terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Teatro, segundo Thomás Aquino



Thomás Aquino. Foto: Élida Tayne
Ator e estudante de jornalismo, Thomás Antônio Rodrigues Aquino, 26, nasceu em Recife e iniciou no teatro profissional com 20 anos de idade. Ele, que na infância sempre teve fama de maluquinho e extrovertido, desde jovem já sabia do seu potencial artístico. Estreou com a peça “O Grande Circo Místico” em agosto de 2006. Em 2012, completa seis anos de carreira e já acumula três prêmios em seu currículo.


Quando você percebeu que realmente tinha talento para interpretar?
Quando eu comecei só sabia decorar texto. Fiz um curso pra melhorar minha atuação e senti a diferença logo depois em cena. Em 2006 nós fizemos a primeira temporada de “O Grande Circo Místico” e em 2007 eu recebi minha primeira crítica como ator onde disseram que um dos pontos mais marcantes da peça era a cena em que eu morria. Aquela era uma cena que eu odiava porque era um monólogo enorme e eu tinha medo de fazer. Disseram que meu personagem foi brilhantemente interpretado e a cena da morte era um dos pontos altos da peça. Eu fiquei muito feliz e a partir daí eu passei a pensar “poxa, eu tenho jeito pra isso”.

Como você via o teatro no início da sua carreira e hoje?
Quando eu entrei não sabia o que era teatro e hoje eu ainda não sei o que é. Mas hoje eu sei que é fundamental você ler. Teatro é estudo contínuo. E nós temos muitas escolas, do Ocidente ao Oriente. O teatro japonês é diferente do russo, que é diferente do francês, que é diferente do alemão, que é diferente do nosso. Se eu procuro ler sobre cada um deles, com certeza estou acumulando conhecimento pra mim. E isso é importante na minha formação artística. Em 2008, eu percebi, quando eu entrei em um projeto onde eu vi que eu precisava usar meu corpo e representar ao vivo o que não estava em mim, trazer características, dar vida a essas características e dar isso ao público. Esse trabalho foi o “Cordel Do Amor Sem Fim”, que está até hoje em cartaz e foi o que me abriu os olhos pra isso. No sentido de pesquisar referencias, porque nós trabalhávamos com teatro oriental, com os orixás, com a origem negra, com os elementos terra, fogo, água e vento. Eu precisei estudar tudo isso pra entender meu personagem e montá-lo. Hoje eu tenho consciência que eu preciso estudar e saber cada vez mais o que eu estou fazendo. Não quero que as pessoas me digam ”poxa, esse ator é demais!”, quero fazê-los sentir a emoção através de mim e da essência do texto.

Quanto dessa rotina consome você?
Muito. Quando eu comecei não, porque eu tinha outra perspectiva de teatro. Hoje não. O teatro me consome muito porque eu tenho um grupo de teatro e também sou um ator de “freela”, as companhias me chamam, me dão um papel e eu interpreto. Desde 2009 eu participo do grupo “Quadro de Cena”, e foi desde então que o teatro me consumiu mais. Porque quando você tem que dirigir um grupo você tem que ver os editais dos festivais para ver a possibilidade de incentivo do governo, assinar um projeto, lançar e tentar a sorte para que esse projeto seja aprovado. Porque são as leis de incentivo dos projetos daqui, não só os grupos de Recife, mas os grupos do nordeste inteiro. Não tenho final de semana nem hora pra trabalhar. Já deixei de ir a muitas festas de amigos, porque geralmente estamos em cartaz e os dias são sexta, sábado e domingo ou então temos reunião. Não bebo quando estou em temporada, pra poder cuidar mais da minha voz. Evito beber gelado, comer chocolate, queijo e faço nebulização em casa. O teatro me toma muito desde a minha entrada no grupo. Principalmente este ano, onde eu tenho cinco projetos aprovados. Eu estou em uma peça, preparando outra peça e montando um estudo de pesquisa que precisa estar pronto até o final do ano. Então eu tenho que dividir o tempo e conciliar com a faculdade. O que é difícil.

O que te levou a escolher jornalismo? Porque não Artes Cênicas?
Eu gosto muito de atuar, mas Artes Cênicas, em Recife, é muito mais voltado para o lado de licenciatura. Então eu prefiro fazer cursos e me especializar em uma área de atuação. Mas eu sempre me achei um cara comunicativo. Me formei com 18 e logo depois encontrei com uma amiga minha do colégio e ela me convidou pra trabalhar na rádio da mãe dela. Eu aceitei, fui e comecei a fazer um programa com ela. Me apaixonei por rádio. Resumindo: passei dois anos na rádio Capibaribe, em Cajueiro, logo depois saí porque a demanda do teatro aumentou e o ambiente me influenciava muito mais. Quando eu fiz vestibular, fiz para o curso de Rádio e TV, por causa da influência que eu havia tido. Mas na época não foi formada turma do curso, fui pra Jornalismo e fui ficando por ficar. Hoje, no 6º período, eu vejo que jornalismo é incrível. Porque você trabalha dando algo ao expectador, não muito diferente do teatro. O jornalista dá algo à sociedade, é um formador de opinião e eu gosto disso. Eu gosto de ajudar, meu instinto é esse.

Você tem três prêmios como ator. Você esperava?
O multifacetado Thomás Aquino em ensaio cedido. Foto: Élida Tayne
O primeiro prêmio de teatro que eu ganhei, eu recebi em 2010 com “O Cordel do Amor Sem Fim” em um festival em Natal chamado “Festival Nacional de Potiguar”. Eu realmente não esperava porque eu não sabia que era um festival de competição entre os espetáculos e foi muito engraçado porque quando terminaram a peça me disseram pra ficar para assistir a cerimônia de entrega de prêmios. Ficamos eu e uma pessoa do grupo representando o “Cordel”. Quando chegamos lá comentaram que nosso grupo estava concorrendo também. Enquanto estávamos assistindo anunciaram os concorrentes da categoria “Melhor Ator”. Entre os concorrentes o rapaz citou meu nome e em seguida anunciou que eu havia ganho em primeiro lugar. Até hoje eu não consigo descrever a minha reação, fiquei muito surpreso. Esse foi meu primeiro prêmio. Em 2011, no Festival “Janeiro de Grandes Espetáculos”, onde participam somente as melhores peças do ano anterior, já sabíamos que seria uma competição e eu me dediquei muito porque o festival é uma porta de entrada pra outras oportunidades. Vinham curadores do mundo inteiro assistir sua peça e ver se ela se encaixa nos festivais deles. Fomos indicados a nove prêmios dos quais ganhamos seis e um deles foi o meu de “Melhor Ator Pernambucano” o que me deixou muito feliz. E em 2012, também no mesmo festival, trabalhei com um projeto de um grupo chamado “Nem Sempre Lila”, que foi meu primeiro trabalho como ator em um espetáculo infantil e ganhei como “Melhor Ator Coadjuvante”. Esse foi meu terceiro prêmio.

Você teve algum treinamento que te ajudou em especial no seu trabalho?
Sim. Um que eu fiz em São Paulo com Tadashi Endo, que era dançarino de “Butoh” e Carlos Simione que é do Lume, um grupo fundado para pesquisa da Unicamp. Simione é como referência no teatro físico. Várias pessoas de várias partes do mundo vão fazer esse curso que acontece anualmente. O curso se chamava “O Invisível e visível para o ator dançarino”. Foi um curso de dança e teatro físico. Uma dança diferente do balé, bem complexa. Passei um mês em SP e pretendo voltar para fazer mais cursos.

Qual conselho você daria para quem gostaria de seguir com teatro, como ator?
Primeiro comprometimento e responsabilidade. E no teatro a responsabilidade tem que ser dobrada. Porque as pessoas, de certa forma, pagam pra ver algo. Claro que a gente não pensa nessa perspectiva sempre, mas existe essa responsabilidade. Eu já fiz peça com febre, a base de Tylenol, peças que tinham muito desgaste físico, mas passar aquela arte para o público foi algo que eu me comprometi a fazer. É importante ir a um fonoaudiólogo, trabalhar articulação, trabalhar voz. É legal saber cantar ou tocar algum tipo de instrumento porque isso é um diferencial no meio de trabalho. Você tem que ser um ator pronto. Precisa saber dançar, cantar, fazer circo, malabares. Procurar saber a origem do teatro, desde a época grega até o contemporâneo, quem são os mestres de hoje em dia. Estudar e meter a cara nessas oficinas que existem por aí.

Seus pais sempre te apoiaram?
Muito. Meus pais sempre foram muito presentes na minha vida. Minha mãe no começo achou meio esquisito eu escolher interpretar, mas hoje ela me apoia muito. Meu pai me apoiou em absolutamente tudo. Se desdobrava pra me dar suporte. Eu acho que ele vê muito em mim o que ele queria pra ele. Ele é lindo. Tem o dom de ser da família. Meu pai me inspira pra viver e me inspira a ser como ele, um bom pai. Porque eu acho que a essência dele é essa.

O Baile Mágico dos Seres Imaginários



O Baile dos Seres Imaginários é uma banda que exalta a proximidade existente entre a música e a literatura. Sob a temática da imaginação fantástica, que povoa a mente das pessoas, desde crianças até adultos, a banda traz composições próprias em que as palavras e os sons se inteiram e encantam por si só. No palco, a música combinada à poesia e 'contação' de histórias e o visual lúdico levam o público ao encontro de seres recriados a partir do imaginário popular.

A banda reunida em estúdio, depois de ceder entrevista ao blog.
À direita da foto, Juanna Silvestre, produtora do Baile.
A banda completou 3 anos em outubro, e surgiu a partir de um grupo de amigos que compunha a equipe de produção do espaço literário Casa da Palavra, na programação do Festival de Inverno de Garanhuns de 2009 (PE). Em meio a leituras e vivências diversas surgiu a ideia de se montar um grupo de recital poético que levasse poesia para o público infanto-juvenil de uma forma prazerosa e lúdica. Entre as obras encontradas neste espaço, uma chamou a atenção dos amigos: “O livro dos seres imaginários”, de Jorge Luis Borges. Daí o nome O Baile dos Seres Imaginários. Com o passar do tempo o grupo percebeu a necessidade de se dar maior espaço à música nas apresentações. Assim, o objetivo de aproximar o público da literatura permaneceu, com os poemas e a contação de histórias, mas a música tornou-se protagonista. Juanna Silvestre, que foi convidada em outubro de 2010 pra dar uma força com a banda fala da abertura que o Baile tem no meio literário: “tinha-se muito medo de dizermos que éramos uma BANDA por não termos vindo de uma escola de música, porque música para nós era um hobby, fazíamos por prazer”, logo assumiram-se assim pela aceitação do público e elogio pela iniciativa. ”Eu acho que a gente sabe a limitação da gente enquanto músicos, conversamos bastante sobre isso” – explica a produtora.
Desde sua primeira formação, a banda se apresentou em Bienais e Festivais de Literatura, fez parte da programação de eventos como o Festival de Inverno de Garanhuns, o Festival A Letra e a Voz do Recife, o Ciclo Natalino da Cidade do Recife, as Quartas Literárias do Centro de Cultura Luiz Freire e a Campanha de apoio às Bibliotecas Comunitárias. O Instituto Peró, o Espaço Manuel Bandeira (Livraria Saraiva), o Museu do Homem do Nordeste/Fundaj e o Espaço Muda de Experimentações artísticas também receberam a banda em sua programação.


SOBRE A SEDA AZUL

Rodrigo Fisher, em ensaio fotográfico.
Foto: Élida Tayne
O show Sobre a seda azul, criado principalmente para o público infanto-juvenil, conta as aventuras de uma viagem a uma dimensão em que o Céu é tão distante e grandioso quanto próximo e íntimo para cada um de nós. Os integrantes d’O Baile dos Seres Imaginários acreditam na força que a arte tem em atrair as pessoas e na proximidade limiar que existe entre música e palavra. Nesse contexto, a intenção é despertar o público tanto para a música quanto para a literatura. Por isso aproximaram a música à poesia e à 'contação' de histórias, agregadas à presença do livro em cena, quase que ininterruptamente. Rodrigo Fisher, vocalista e compositor da banda falou um pouco de como surgiu o nome do show “Sobre a Seda Azul”: "surgiu porque as composições estavam indo para essa temática do céu literal, que tem a lua, as nuvens os pássaros, e o céu filosófico de viver no mundo da lua, de viver com a cabeça nas nuvens, de sonhar, de imaginar. Conseguimos achar esse link que já existia. No início não entendemos mas depois foi incrível quando todo mundo conseguiu entender que essa ideia já existia.", explica Rodrigo encantado com o projeto. A banda explora elementos do fantástico em suas letras e nos textos extraídos de obras de grandes escritores brasileiros como Manuel Bandeira, Roseana Murray e Mário de Andrade, autores que souberam como poucos reinventar a ludicidade da vida. No projeto, ritmos como reggae, rock, samba de coco, maracatu e forró são executados de acordo com as influências dos integrantes da banda e estão presentes num mix com as temáticas lúdicas dos tons circenses e latinos, conduzidas por batidas dançantes.  Para Laryssa Freitas, estudante de administração, a banda leva os ouvintes a outra atmosfera "o Baile dos Seres Imaginários traz de volta a magia da fantasia, da poesia, do amor. Impossível assistir um show e não sair de lá com um sorriso de um lado pro outro do rosto", elogia a fã. Assim como nos trabalhos anteriores, esse show é permeado por cores que se apresentam tanto nas músicas e nos dizeres poéticos, como também no figurino e na maquiagem, inspirados nas fantásticas criaturas e situações delineadas nas composições musicais e nas poesias e contos. 

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